[Dúvidas] O CFO – Curso de Formação de Oficiais

Se você fez o concurso público para ser engenheiro da Marinha, enfrentou toda a bateria de provas e exames que durou quase um ano e foi aprovado em todas as primeiras fases, saiba que precisará passar também pelo chamado Curso de Formação de Oficiais (CFO).

Embora muita gente pense que se trata de um curso de adaptação após a aprovação no certame, o CFO é, na verdade, é a última fase do processo para ingressar nos cargos de nível superior da Marinha. Portanto, assim como nas demais fases, ele também possui caráter eliminatório e classificatório para todos que entram nas aulas.

Porém, como os detalhes desse curso e a passagem dos candidatos por ele costumam gerar muitas dúvidas, este post vem para esclarecer justamente tudo sobre o seu funcionamento: quem é chamado para participar do CFO, quando ele acontece, onde é realizado, como é a rotina e o que é exigido para o concurso finalmente ser considerado aprovado no concurso da Marinha.

Então, acompanhe!

Índice 

O que é o Curso de Formação de Oficiais (CFO) da Marinha?

O Curso de Formação de Oficiais (CFO) é voltado para a habilitação dos candidatos que estão em busca de uma vaga de nível superior na Marinha. Trata-se da última etapa do processo seletivo que compõe a bateria de provas do concurso público, depois que o candidato já passou por todas as fases anteriores:

  • Prova escrita objetiva;
  • Prova discursiva de conhecimentos profissionais;
  • Redação;
  • Tradução de texto;
  • Verificação de Dados Biográficos (VDB);
  • Inspeção de saúde (IS);
  • Teste de Aptidão Física (TAF);
  • Prova de Títulos (PT);
  • Avaliação Psicológica (AP);
  • Verificação de Documentos (VD); e
  • Procedimento de Heteroidentificação Complementar à Autodeclaração (PH).

Após cada uma dessas fases, o CFO vem para encerrar o certame para os candidatos que foram sendo aprovados até aqui.

Quando é o curso?

O curso inicia sempre no início do ano seguinte ao concurso público ao qual está vinculado. Como o certame é anual, as inscrições costumam ocorrer sempre em meados de abril e as primeiras provas escritas começam a ser realizadas em maio. O resto do ano é dedicado para as demais fases, como a inspeção de saúde, o teste de aptidão e a prova de títulos, por exemplo.

Para o ano seguinte, portanto, ficam concentradas as aulas do CFO, começando entre os meses de fevereiro e março e seguindo até o fim do ano. A formatura costuma ser realizada em dezembro. Dessa forma, é possível afirmar que todo o período de concurso dura cerca de um ano e meio, mais ou menos.

Confira no vídeo abaixo o vídeo da cerimônia da formatura da turma do CFO 2017:

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=WJBIHhGHEcg[/embedyt]

Quanto tempo dura o CFO?

O CFO costuma durar cerca de 25 semanas, que correspondem a 9 (nove) meses do ano. As três primeiras semanas fazem parte do chamado período de adaptação: é quando o futuro militar conhece a rotina da vida militar, os seus regulamentos e normas internas. É nesse período que ele também estuda disciplinas técnicas, como: 

  • Marinharia;
  • Armamento;
  • Liderança;
  • Ordem Unida.

Quais são as disciplinas estudadas no curso?

Depois desse período de adaptação começa o curso propriamente dito. No total, o aluno estuda cerca de 15 disciplinas ao longo de todo o ano:

  • Procedimento Militar Naval;
  • Treinamento Físico-Militar;
  • Administração Naval;
  • História e Tradições Navais; 
  • Organização da Marinha do Brasil, Meios e Operações Navais; 
  • Relações Humanas e Liderança; 
  • Documentação Administrativa na MB; 
  • Inteligência;
  • Introdução à Tecnologia da Informação; 
  • Combate a Incêndio;
  • Procedimentos de Comunicações na MB 1;
  • Técnicas de Comunicação Oral; 
  • Organização e Gestão;
  • Armamento Portátil e Tiro;
  • Noções de Sistemas de Intendência; 
  • Noções de Direito;
  • Arquitetura Naval e Estabilidade;
  • Manutenção e Reparo de Meios Operativos;
  • Instalação de Máquinas;
  • Sistemas Operativos;
  • Estágio de Aplicação. 

Onde o curso é realizado?

O curso é realizado apenas no Rio de Janeiro. Isso quer dizer que não importa em qual Estado do país você mora, onde foi aprovado ou onde vai atuar. Primeiro, será necessário cursar as aulas que estão restritas ao Centro de Instrução Almirante Wandenkolk (CIAW), localizado na Ilha das Enxadas, na Baía de Guanabara.

O funcionamento do curso é em regime de internato na maior parte do tempo. No período de adaptação, o candidato permanece no CIAW durante toda a semana e só pode sair nos fins de semana. Passado esse prazo, ele está liberado para ir e voltar todos os dias, se essa for a sua vontade e se ele preferir residir fora do Centro.

No entanto, isso também não impede que ele fique por lá, já que a Marinha cede os aposentos do CIAW para quem não possui residência no Rio de Janeiro, nem outro lugar para ficar durante o período das aulas.


Como funciona para quem não mora no Rio de Janeiro?

Quem não vive na capital do Rio de Janeiro tem duas opções: ficar alojado no próprio CIAW, já que o curso é em formato de internato, ou em qualquer outro lugar à sua escolha e custo.

Quem preferir se hospedar fora do CIAW poderá ir e voltar diariamente à ilha de lancha, depois do período de adaptação. Neste caso, a lancha sai às 6h30 e retorna perto das 17h. O lado ruim é que essa hospedagem alternativa não é custeada pela Marinha.

Para quem escolhe ficar alojado no local, a Marinha serve gratuitamente quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, jantar e ceia. Aliás, a própria hospedagem também faz parte do pacote de benefícios: o futuro militar que opta por morar no CIAW não terá despesa nenhuma com moradia.

Como é a rotina dos alunos?

Pela manhã, ocorrem as aulas teóricas, em que os alunos recebem a devida formação militar-naval. Isso inclui, por exemplo, os fundamentos da carreira militar naval e também se familiarizam com os pilares da carreira de marinheiro, como é o caso da disciplina e o funcionamento e requisitos das hierarquias.

Já no período da tarde são realizadas atividades físicas e os chamados treinamentos de ordem unida. As atividades físicas e esportivas envolvem, basicamente, corrida, natação e treinos funcionais. Já os treinamentos de ordem unida são formados por atividades militares típicas, como os treinos de marcha para desfile cívico, por exemplo, que exigem de todos a apresentação de um conjunto harmonioso, cadenciado e equilibrado nos movimentos.

Como eles são avaliados?

Como muita gente costuma confundir o propósito do CFO, também acaba achando que basta cumprir toda a carga horária das aulas para ser aprovado. No entanto, não é bem assim.

O Curso de Formação de Oficiais testa o aluno a todo momento, mas é por meio das avaliações que eles são ou não aprovados em mais essa etapa do concurso.

Essa avaliação costuma ser feita por meio de provas objetivas e dissertativas com frequência quase semanal. Ou seja: em quase todas as semanas do curso há algum tipo de avaliação. Alguns alunos que já participaram do CFO relatam que elas não são difíceis; porém, há um conteúdo bem extenso para estudar e alguns macetes para decorar e isso, sim, pode acabar apresentando alguma dificuldade.

Mas não é só. Ao fim do curso também é realizado o chamado Teste de Aptidão Física (TAF), muito parecido com aquele que já foi realizado anteriormente, nas etapas já passadas do concurso. Neste novo TAF, no entanto, o aluno é avaliado em uma prova de natação (de 50m) e uma de corrida (de 2400m).

Assim, a nota final do CFO representa o somatório das provas escritas e objetivas e as notas do TAF, cuja média compõem a aprovação registrada no currículo.

Além das notas das provas teóricas e do TAF, uma terceira nota faz parte do cálculo da média final, que é o chamado “Conceito”.

O Conceito é uma nota que é relacionada ao comportamento do aluno durante o curso. Por exemplo, se ele teve faltas ou cometeu atos de indisciplina, perderá pontos. Já se ele se envolveu com atividades extracurriculares, conhecidas como funções colaterais, durante o curso, ganhará pontos. Por possuir um peso considerável na nota final, o aluno deve se preocupar muito com a nota do Conceito.

Para que serve a nota final do CFO?

 A nota final será utilizada para definir a antiguidade dos militares, que é como se fosse uma classificação entre os alunos da mesma turma.

Assim que acaba o CFO, os alunos podem escolher onde irão trabalhar, dentre as vagas disponibilizadas naquele ano.

A antiguidade é utilizada, então, para definir quem vai para cada lugar.

Se dois alunos querem ir para a mesma Organização Militar e só tem uma vaga disponível, o mais antigo (que teve a melhor nota final do CFO) terá prioridade.

Além disso, essa antiguidade será considerada para toda a carreira do militar e ela é utilizada para várias situações, como, por exemplo, um critério de desempate para fazer um curso de mestrado no exterior. Caso tenha várias pessoas interessadas e só tenha um vaga, o mais antigo será o selecionado.

Por isso, é extremamente importante que o aluno leve a sério o Curso de Formação e tire boas notas nas provas.

O aluno recebe subsídio durante o período do curso?

Durante todo o período do CFO, o futuro militar não é considerado um mero aluno, apenas. Ele ocupa uma espécie de posto chamado guarda-Marinha. Logo, por ser considerado um oficial, ele recebe uma espécie de salário, cujo valor gira em torno de R$ 6 mil reais. Além disso, a Marinha paga também alguns adicionais, que acabam por elevar esse valor. 

Tais adicionais representam o papel da Marinha em providenciar uniforme, alimentação, assistência médica, psicológica, odontológica, social e religiosa para os alunos do CFO.

Tem algum estágio durante o CFO?

Sim.

Após concluir todas as disciplinas teóricas, entre agosto e setembro, o aluno precisa fazer os seguintes estágios (de algumas semanas cada):

  •     Em algum navio operativo da Marinha, onde conhecerá como é a vida de bordo e entenderá os sistemas / equipamentos relacionados a sua engenharia. É importante ressaltar que o engenheiro não vai trabalhar embarcado durante a sua carreira. Esse estágio é apenas para ele se familiarizar com esses sistemas que será responsável pelo projeto e manutenção.
  •     Em alguma Organização Militar (OM), onde conhecerá as atividades executadas por um engenheiro da Marinha. Geralmente esse estágio costuma ser uma OMPS (Organização Militar Prestadora de Serviço), como o AMRJ (Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro) e o CMS (Centro de Manutenção de Sistemas), onde são realizadas os serviços de manutenção dos navios e submarinos. 

O que acontece com quem é aprovado no curso?

Após a formação, os candidatos aprovados nessa fase eliminatória do CFO ingressam na Marinha a partir do posto de Primeiro-Tenente. Neste caso, a remuneração inicial gira em torno de R$ 11 mil. A diferença é que esse total já integra também os adicionais oferecidos pela Marinha.

No entanto, trata-se apenas da remuneração inicial, como funcionário. Esse valor, claro, pode aumentar ao longo da carreira, conforme a pessoa for subindo de cargo e hierarquia ao longo dos anos como marinheiro.

Quais são as chances de reprovação?

As chances de reprovar no CFO são mínimas e poucos alunos que começam o CFO acabam ficando de fora no fim. No entanto, é uma possibilidade que pode acontecer. Segundo o edital do concurso, há, basicamente, cinco motivos para desclassificar o candidato nessa última fase do concurso:

  • atos de indisciplina ou falta disciplinar grave;
  • comportamento incompatível com a carreira militar;
  • ausência por qualquer motivo, sem autorização;
  • insuficiência acadêmica;
  • descumprimento das normas previstas.

Por isso, é preciso ficar de olho no comportamento ao longo do curso. Assim como as demais carreiras militares, a Marinha preza muito pela disciplina e obediência – tanto que, inclusive, o CFO possui uma aula destinada apenas para trabalhar esse conteúdo.

Ou seja: ao longo do curso, o futuro militar é avaliado a todo momento, e não só apenas nas avaliações escritas e objetivas e no TAF. Então, é importante estar sempre atento às ordens e às normas de conduta.

Conclusão

Ao fim do post, é possível perceber que o Curso de Formação de Oficiais da Marinha (CFO) apresenta um duplo papel: além de encerrar o concurso público, é ele que também dá início à carreira naval militar do candidato.

Por esse motivo, o processo funciona quase como um período de estágio (e a ideia é justamente essa!), já que ajuda a pessoa a abandonar a antiga vida profissional civil e a se acostumar com uma nova rotina e atribuições de uma carreira diferente e com a qual ela não estava acostumada até então.

É justamente para isso que serve o Curso de Formação de Oficiais, para ajudar o antigo candidato e futuro militar a enfrentar sem grandes problemas essa importante transição na vida profissional e também pessoal.

Vou aproveitar e compartilhar um vídeo muito legal que é um compilado de tudo que aconteceu ao longo do CFO 2014.

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O artigo foi útil? Você conseguiu entender agora como funciona o Curso de Formação de Oficiais (CFO)? Então, leia também sobre como é a carreira do Engenheiro da Marinha e entenda todos os detalhes dela.

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